sexta-feira, 26 de julho de 2013

Ser do Sertão






                                                                                “O Sertão é do tamanho do mundo”  Guimarães Rosa 

Nalgumas noites brancas, eu me deparo recostado à parede, olhando ao redor, vendo a cidade toda brilhando da minha varanda. Vaga-lumes de concreto, estrelas artificiais deste moderno mundo arcaico!

Carros, quais cavalos de raça, cruzam as avenidas em desesperada velocidade, cavalgam rumo a um tráfego convulso e desequilibrado. 

O Vento, sem pedir licença, bate no meu rosto! Ninguém percebe, mas ele tem um gosto de Sertão. Certamente veio galopando de minha terra, por entre carnaúbas, xiquexiques e macambiras.

É esta ventania sertaneja que teima em me lembrar de que mesmo em terras citadinas, eu daqui não sou.





terça-feira, 2 de julho de 2013

Uma Reportagem Na Bastilha



   


                                                                                    

                                                                                  

É final de tarde e estamos próximos ao imponente prédio que serve de orgulho a esta cidade e a toda a população do grandioso reino da França. Parece inacreditável, mas parte da população num ato de selvageria ataca indiscriminadamente o prédio. Absurdo! Absurdo! Estão depredando o patrimônio público! Se desejam protestar contra o governo legítimo e divino de nosso adorado rei, que seja! Mas respeitem a Bastilha, como ousam profanar esta prisão que há séculos mantem a ordem e o pudor?
  
   As imagens são realmente impressionantes e aterradoras! Manifestantes fortemente armados com pedras atacam violentamente os soldados que não tem outra saída a não ser responder com canhões e peças de artilharia.

   Vândalos! Vândalos todos eles! Querem acabar com a aristocracia! Temam senhores e senhoras de bem, pois seus latifúndios, seus títulos, seus rapapés e bordados estão em perigo!



Voltamos a qualquer momento com mais informações...


quarta-feira, 26 de junho de 2013

Guardador de Mistérios







Eu confesso me sentir um tanto frustrado em constatar diariamente que vivemos no século dos holofotes. Tudo precisa ser publicado, noticiado, alardeado. De repente o mistério e o segredo viraram algo tão indesejado que a todo tempo fazem de tudo por despedaçar o maravilhoso prazer de se guardar a sete chaves pedaços de sua alma. Deixem-me ser mais claro! É que para mim, é vital que haja sempre algo de oculto, alguma coisa de inalcançável no amor, nas pessoas e, sobretudo na vida. E se nos tirarem os véus que graça terá viver sem mistérios?

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Momento/1





                                                                                Para ler ao som de: Do You Recall por Royal Wood

Na madrugada tudo parece dormir, no entanto eu continuo acordado olhando da varanda de minha casa a rua silenciosa e vazia. Não consigo distinguir bem qual a razão disso, eu me contento em pensar que não deve haver outra razão que o prazer da contemplação acrescido da impressão de que nalgum momento o vento vai soprar poesia em meus ouvidos e eu dormirei como se em teus braços estivesse.