segunda-feira, 12 de março de 2012

E agora, Que farás de mim?




 

Eu estava num estado de letargia. Inútil corpo que se movia por inércia. Pobre poeta de fraseados cada vez mais escassos, de palavras cada vez mais mendicantes. Tu que chegaste, com teus olhos profundos, provocantes, acordaste-me. Por quê? Para que? Eu não havia escolhido o sono profundo, mas se ele me acometeu, então que eu ficasse para sempre nos braços desse esquecimento. Mas tu com esse mover fagueiro, tu que tão desapercebidamente passaste por estas minhas retinas tão metódicas, tão fadigadas de livros, de quadros, de amontoados indefinidos de papel. Tu me olhavas e eu não sabia. Então num assomo malévolo  fixaste teu olhar em mim, tão profundamente, que de súbito sangue correu nas minhas veias, a chuva lá fora tocou meu ombro, e eu te vi! Tu Ousaste me acordar, acordar meus versos, minha lira. Estar vivo dói! Ando insone, inquieto, suspirante. E agora, Que farás de mim? 


Um comentário:

  1. "Que fez ela?, eu que fiz? - Não no sei;. Mas nessa hora a viver comecei ... ".
    Totalmente Almeida Garret. Muito bom, Álvaro. E viva os românticos! \o/

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