“Now how can he have her heart
When it got stole
So he tries to pacify her
'Cuz what's inside her never dies”
Amy Winehouse /Robert Poindexter / Richard Poindexter / John Harrison
À memória de Amy Winehouse
- - Me dá mais um cigarro!
-
- -Outro?
-
- - Tô precisando relaxar!
-
As malas já estavam todas arrumadas, hoje ela partiria definitivamente. No começo ela acreditou que daria certo, aliás, ela tentou acreditar que dessa vez ela fincaria raízes. Ele a idolatrava, o que ela poderia desejar mais?
- Eu sempre quis conhecer Machu Picchu!
- Doideira, fuma outro ai!
- Lá tem umas montanhas altas, tão altas...
Ela não sabia o exato motivo, mas tinha alguma coisa que a angustiava, não era uma angustia recente, toda a sua vida ela fora movida por sua angustia, por essa constante sensação de vazio. Às vezes para não sucumbir, para não enlouquecer de vez, ela tinha que escrever escrever e cantar loucamente. Os vizinhos não gostavam da sua voz, como também não gostavam de suas roupas e de seu jeito. Se ela fechasse os olhos podia lembrar claramente os olhares de reprovação, mas ela também podia recordar de como aquele vestido lhe caía bem e de como ele representava uma dor que nunca passava e que ainda não passou. Uma dor que ela sabia que a acompanharia toda a vida, uma dor que a machucaria e que inspiraria suas melhores composições.
- Eu estou indo embora, hoje!
- Se você for eu me mato!
- De qualquer maneira eu estou indo.
Ela nunca ouvia ninguém, às vezes tentava fingir que levava a opinião alheia a serio, contudo conselhos davam-lhe sono. Depois de tantos anos não seria ele que a diria o que fazer ou para onde ir.
- você não me ama nem um pouquinho?
- Me passa outro cigarro
Amor. Ela não sabia ao certo o que isso significava, portanto como ela nunca cultivou o hábito de mentir preferiu não responder. Seria o Amor aquele sentimento que a fazia viver nessa agonia? Ela poderia apostar que não. Liberdade! Isso sim combinava mais com ela, a liberdade desses gatos vadios que perambulam sem destino. Viver sem ponto de chegada, sua vida era um blues feito de dor, agonia e luz que ela havia decidido tocar até o último instante.
- Como são altas as montanhas de Machu Picchu! Altas... Tão altas...
Saudosamente,
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