domingo, 24 de julho de 2011

Cigarros De Adeus









“Now how can he have her heart
When it got stole
So he tries to pacify her
'Cuz what's inside her never dies”
Amy Winehouse /Robert Poindexter / Richard Poindexter / John Harrison

                                                                             


                                                                               À memória de Amy Winehouse

-        -  Me dá mais um cigarro!
-      
  -       -Outro?
-     
  -        -   Tô precisando relaxar!
-       

As malas já estavam todas arrumadas, hoje ela partiria definitivamente. No começo ela acreditou que daria certo, aliás, ela tentou acreditar que dessa vez ela fincaria raízes. Ele a idolatrava, o que ela poderia desejar mais?

- Eu sempre quis conhecer Machu Picchu!

- Doideira, fuma outro ai!

- Lá tem umas montanhas altas, tão altas...

Ela não sabia o exato motivo, mas tinha alguma coisa que a angustiava, não era uma angustia recente, toda a sua vida ela fora movida por sua angustia, por essa constante sensação de vazio. Às vezes para não sucumbir, para não enlouquecer de vez, ela tinha que escrever escrever e cantar loucamente. Os vizinhos não gostavam da sua voz, como também não gostavam de suas roupas e de seu jeito. Se ela fechasse os olhos podia lembrar claramente os olhares de reprovação, mas ela também podia recordar de como aquele vestido lhe caía bem e de como ele representava uma dor que nunca passava e que ainda não passou. Uma dor que ela sabia que a acompanharia toda a vida, uma dor que a machucaria e que inspiraria suas melhores composições.

- Eu estou indo embora, hoje!

- Se você for eu me mato!

- De qualquer maneira eu estou indo.

Ela nunca ouvia ninguém, às vezes tentava fingir que levava a opinião alheia a serio, contudo conselhos davam-lhe sono. Depois de tantos anos não seria ele que a diria o que fazer ou para onde ir.

- você não me ama nem um pouquinho?

- Me passa outro cigarro

Amor. Ela não sabia ao certo o que isso significava, portanto como ela nunca cultivou o hábito de mentir preferiu não responder. Seria o Amor aquele sentimento que a fazia viver nessa agonia? Ela poderia apostar que não. Liberdade! Isso sim combinava mais com ela, a liberdade desses gatos vadios que perambulam sem destino. Viver sem ponto de chegada, sua vida era um blues feito de dor, agonia e luz que ela havia decidido tocar até o último instante.

- Como são altas as montanhas de Machu Picchu! Altas... Tão altas...




Saudosamente,

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