domingo, 10 de julho de 2011

Garota Rock'n'roll








How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?

                                                                                            ( Para ler ao som de rolling stones)




Ela definitivamente não tinha mais nada, ou quase nada, ainda tinha uma camisa velha do rolling stones que usava diariamente como se fosse uma tatuagem, uma marca de pele. Ela ainda tinha uma dor, um vazio imenso que preenchia todos os espaços, todos os lugares. Ela anda pela cidade e só ver uma imensidão de concreto e de rostos sem expressão que não lhe dizem nada, absolutamente nada. Por vezes tinha a impressão que não pertencia aquele lugar, uma cidade hostil cheia de luxo, arranha-céus, cinza e fome. Se ela olhasse ao redor veria claramente muitos com fome de poder e muitos outros com fome de pão. Ela não conhecia a fome, onde ela cresceu só havia muros altos, conversíveis e grama verde, tão verde.  Mas hoje esse passado parece tão distante, o deslumbramento e a inocência se foram. A mochila que já perde a cor de tão gasta, parece não cansar de lhe lembrar que ela estava longe de casa, aliás, casa? Ela nunca se sentiu em casa em lugar nenhum. Todos eram estranhos, ela não pertencia aos seus pais, sequer se parecia com eles, ela não parecia com suas amigas não se parecia com esta cidade, todo o mundo era um amontado de rostos, braços, pernas. Ela não via sentido nenhum naquilo tudo. Que sentido tem viver? Ela não sabia, mas estava disposta a descobrir. A partir de agora iria para onde suas pernas a levassem, se ela não pertencia a nenhum lugar, estaria em todos seria de todos. Por mais que dissessem que ela era rebelde, que o mundo era perigoso e que ela não devia jamais ultrapassar o limite da rua, dos muros cobertos de ouro e solidão. Ela ousou ultrapassar, e ultrapassar seus limites foi como um mergulho profundo no vazio, foi uma queda livre da qual ela não sabia se ia sobreviver, ela sequer sabia se havia sentido em ultrapassar, mas ela não queria, não podia ficar parada vendo os carros passarem a vida passar e ela parada, alheia a si mesma.  Ela estava decidida a arrancar suas amarras a destruir suas dores. Agora a liberdade não era mais um sonho, a liberdade seria de agora em diante essa faixa azul do horizonte que ela ia perseguir todos os dias. Ela não tinha mais ilusões, não esperava mais do que tinha, e ela agora tinha muito: uma blusa, uma mochila velha, um all star e um mundo todo, um mundo novo, um mundo louco de pedra. A felicidade ia ser as pessoas feitas de sonhos e rock and roll que ela ia conhecer em cada cidade, em cada parada, carona após carona, nessa estrada em que nunca se sabe se está começo no meio ou no fim, nessa estrada que alguns chamam de vida. 



 Carinhosamente,

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