quinta-feira, 23 de junho de 2011

Feriado



A quinta-feira se desenrola morosa, devagar, caminhando a passos leves. É feriado, não se ouve mais o buzinar dos carros em frente ao prédio, não se vê ao longe lépidos estudantes, não consulto o relógio, não me importa que horas sejam. Hoje é feriado, o tempo não para, mas anda bem mais devagar.

Hoje passei alguns instantes na varanda do apartamento, olhando a rua, sentindo o límpido e silencioso descortinar do dia. Algumas bandeiras de São João enfeitam a vizinhança. Em cidades grandes mal nos damos conta que estamos no mês junino, aliás, raramente nos damos conta em que mês estamos. Nas metrópoles os dias parecem sempre iguais, tem a mesma cor: cinza-concreto. Não estou reclamando da agitação urbana, apesar de não ter nascido em meio a esse turbilhão, sou um amante deste "reboliço". 

Ainda observando as bandeirinhas, lembro-me da minha cidade natal. Cidade sertaneja, pacata, bela e digna como todas as cidades deste sertão tão bem cantando por nossos poetas. Lá, o feriado leva o povo às calçadas, leva-os a casa da família, amigos. Pela janela podem-se ver alguns passantes, podem-se cumprimentar os conhecidos. Pôr-se a par dos assuntos que bailam nas rodas de conversa. 

Feriado me deixa nostálgico, Não tem jeito. Não sei se muitas pessoas fazem isso como eu, mas normalmente em dias assim, eu remexo álbum de família, cartões de aniversário, livros de minha querença, tudo que me traga recordações. As recordações, aliás, são a prova incontestável de que o tempo passa, mas que não consegue levar consigo as emoções vividas em tempos alegres.  

Ponho-me a pensar que eu poderia estar na praia. Uma boa ideia, pena que não me ocorreu mais cedo. Eu Gosto do mar. É impressionante como nos sentimos bem diante deste gigante azul. Um simples banho acompanha uma sensação incrível, como se todos os problemas tivessem ficado lá, aliás, como se todas as nossas perturbações fossem uma espécie de sujeira que só se consegue lavar com agua marítima.  

Devemos guardar sempre um tempo para fazer uma higiene mental, refletir sobre o que estamos fazendo, para onde estamos indo, onde queremos chegar. Viver requer ação e reflexão. Há momentos que requerem mais ação, há outros que pedem mais reflexão. Dias de folga, dias assim em que quase tudo para. É uma boa dica para armar uma rede e pensar. Simplesmente pensar. Uma caminhada não é feita apenas de pernas e continuo marchar. Caminhar exige parada, reflexão, descanso, feriado.

Carinhosamente, 

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